sexta-feira, 7 de maio de 2010

O tempo que perdemos com nada, mas que é muito.

A vida…essencial a todos nós que habitamos este planeta. Mais saudáveis menos saudáveis. Vivendo mais comodamente ou menos comodamente…enfim, vivendo. Com tempo que vai passando e é ocupado com coisas. Coisas precisas, coisas não precisas, coisas impostas e porque não, coisas, poucas coisas, por lazer…
Já repararam quantas vezes ocupamos o nosso tempo com nada? Eu digo nada de útil a nós ou à sociedade.
No outro dia vinha de mais um dia de aulas, dia de treino, no meu carro até casa…Estava uma fila de trânsito enorme a um ritmo de lambreta (rondando os 60 km hora) e pus-me a pensar no tempo em que efectivamente estava a conduzir, tempo esse que estava a perder com “nada”, mera deslocação entre algo e algo, e aquilo que poderia estar a fazer…
Bom, a verdade é que hoje, neste tempo, quanto mais tempo temos mais o ocupamos com alguma coisa. Passamos a vida a queixar-nos da falta de tempo. Mas não somos nós que criamos isso? Há uns anos atrás as pessoas não faziam tantas coisas, penso eu, não tinham tanto tempo ocupado com “nada” e sobrava-lhes tempo de lazer.
Deslocações de carro, de comboio…ocupam o tempo, mas não o ocupam com vida.
Porque estamos nós a deixar de viver?
Eu não sei. Ou melhor calculo. Mas por enquanto não vai havendo retrocesso, apenas evolução…ou chamem-lhe o que entenderem, mas que não vivemos não vivemos.
Quando jogava em Alverca e tinha de apanhar o comboio, quantas vezes não ouvia a ladainha do tipo que trabalhava em programação numa qualquer empresa de Lisboa. Que se levantava às 5 da manhã para apanhar o comboio para o trabalho. Entrar no serviço às 8.30 e sair pelas 18.00. Apanhando o comboio de volta e chegando a casa pelas 21.00 para jantar…
Que vida é esta? Pensava eu, este ser só vive aos fins de semanas…eis que descubro que trabalha em part time ao fim de semana para sustentar a casa, a família e a filha…sim porque um programador não recebe suficientemente bem para conseguir viver de forma sustentável sem que para isso tenha de suprimir a sua vida.
Se houvesse uma tecnologia tipo telepatia como já se tem visto em alguns casos em filmes, livros… e até há uma nova tecnologia da ciência que ao que parece já o faz com objectos muito pequenos. Acho que estas pessoas conseguiriam sorrir um pouco mais, estando nesse caso com a família, deixando de ser uns zombies telecomandados remotamente pela sistemática da sua vida…
O tempo que perdemos com nada mas que é muito, é efectivamente nada quando não nos concede vida e utilidade….
Parar ou viver?
Viver. Mas de que forma?

1 comentário:

  1. às vezes ouve-se a expressão "fazer tempo"... Na prática esta expressão designa "perder tempo", perder tempo com algo inutil enquanto se espera por algo ou alguem... Mas pensando bem seria muito util se durante esta espera pudessemos realmente fazer tempo... E interpreto este fazer de tantas formas... Estar disponivel, servir, brilhar... Quem sabe o nosso tempo não seria muito mais extensivo se aproveitassemos estas esperas a tornarmo-nos mais disponiveis para quem esta a nossa volta e ainda retirariamos, dessa disponibilidade, prazer...

    É bom estar disponivel, nem que seja para ouvir :)

    beijinho*
    Lili*

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