sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O caso das restaurações dos cineteatros municipais

Serviço público de qualidade

Em meados de 97 o ministro da cultura naquela altura, Manuel Carrilho, deu um passo bastante importante ambicioso que iria reformular de norte a sul do país vários recintos culturais.

No espaço de 10 anos assistimos a um esforço conjunto entre governos e autarquias, com a ajuda preciosa das comparticipações europeias, para dar uma cara lavada a estes espaços culturais. A este projecto inseriram-se não só a reformulação de fachadas, como foi visível, mas a dotação de estruturas de programas culturais sustentáveis, em oferta, qualidade, profissionalismo e abrangendo o vasto público.
Este projecto obviamente tinha várias implicações, entre as quais surgem questões como estas:

• O que é uma programação de qualidade?
• Quem programa?
• Quais são os recursos necessários?
• Quais os públicos?
• Como gerir um espaço cultural e garantir a sua sustentabilidade?

Tendo em conta os direitos constitucionais de sucesso de todos os cidadãos à cultura e educação parece-me que depois de respondidas as questões acima proferidas esta oferta cultural seja isenta, profissional e de qualidade.

Claro que aliada a esta reformulação de “fachadas”, importante convém referir, assistiu-se depois a um sucumbir das lacunas inicialmente preenchidas. E de que forma? Muito simples. A oferta cultural, não acompanhou a inovadora estrutura física dos vários espaços. Nos sítios onde isso aconteceu, apenas conseguiram sobreviver durante dois anos no máximo até que ficassem sem verbas, falta de equipamento ou de pessoal, ou de sofrerem privatizações e a oferta se tornasse monocultural. Desta forma a única maneira vislumbrada para subsistência foi transformar o inovador e dinâmico espaço numa arrecadação de pedidos de actividades locais, não menosprezando claro o seu direito e espaço, que também deve ter e usufruir. Mas esta não será a oferta e gestão cultural que queremos contrariar? Com pouca frequência, deslocada de conteúdo e de abrangência apenas para os que se sentem empáticos com estas instituições.

Nos vários espaços reformulados poucos são os que possuem um gestor cultural, assumindo este cargo em larga escala este cargo os vereadores da cultura das câmaras municipais, dando azo à confusão de responsabilidades politicas e executivas e partindo do pressuposto que a gestão e programação cultural não precisam de quadros profissionais, como por exemplo animadores culturais.

Na grande maioria dos casos confunde-se serviço público com domínio público. Não se trata aqui de contabilizar o número de visitantes do espaço relacionando-o com o sucesso do investimento, trata-se sim de prestar serviços de qualidade, com estruturas programacionais eficazes e culturalmente ricas, condicionando as verdadeiras potencialidades.

Mas afinal o que é um serviço público de qualidade se não quando o mesmo serviço assegura a garantia de um funcionamento profissional, a inserção numa política cultural municipal e a interacção em rede com outros equipamentos culturais a nível nacional.

Apesar de desde o inicio deste processo se falar em rede de recintos culturais, só recentemente o ministério da cultura executou com sucesso algumas redes culturais, sendo um óptimo exemplo a artemrede, criada em 2004 de Lisboa e vale do Tejo.

Que futuro para estes espaços se os deixarmos morrer, quando ainda agora ressuscitaram?
Mais grave que isso. Como podem a meio da reformulação dos mesmos com obras pré acabadas, alterarem normas relativas a segurança, espaço e outros pormenores que condicionam que os mesmos possam abrir a público?
Estamos em Portugal.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Em conversas... comentário espontâneo...

olhe vou indo menos mal, contudo se me pudesse livrar do imenso trabalho que tenho neste final de semestre acredite que estaria bem melhor, mas...1 minuto será sempre 1 minuto e espero nunca me vir a lamentar por perder 1 minuto da minha vida, ganhando tempo de amizade...assim o diz o ditado que inventei para mim próprio...mais vale perder 1 minuto com um amigo, do que ir perdendo os minutos e os
amigos...logo, como está?

Deveras interessante eu seu conceito de sacudir o capote, mas confesso que não me queria livrar dele, no seu sentido lato, apenas aliviar a pressão e gerir os seus timmings a meu belo deleite...evocando a entropia redundante de quem controla o tempo e poderá desfruta-lo sem promiscuos obstáculos, não seja mais um BPN se ele existe é para seu bem, nosso bem, a possibilidade de poder enriquecer a nossa
visão do mundo enquanto outros vêem o mundo passar e apenas lutam para sobreviver...
dê graças pois é uma feliz contemplada...comida, roupa, casa e oportunidade de ir mais além...nada nos falta...
apenas sensibilidade às vezes de nos colocar-nos no lugar alheio e pertencer realmente aos que sofrem não aos que lamentam que sofrem...

eu acho que nós vivemos muito o que queremos para não atingir o que desejamos.......bem, deixa lá isso tenho saudades de pensar abstractamente, de escrever, de falar, de pensar no mundo e no nada...o nada que nos passa todo os dias ao lado que é nada pelo valor que lhe atribuímos mas que é tudo segundo a lei de massa do universo, ocupando espaço e tempo tal como nós...
to demasiado chato hoje, demasiado complexo, tudo e nada, nem mil palavras nem mil devaneios, nem débitos de cultura pragmática na praxiologia da letra me conseguiriam exteriorizar no exacto momento da minha nitidez insensata do estado que estou agora que é...não sei...um misto de falta, um misto nostálgico, um misto de tudo e nada e isto porquê? Simplesmente por que não compartilhei o dia, resumido
na palavra reconfortante do consolo que anseio...foste embora e eu fiquei no vazio...vazio por não saber, cheio de não te ver e agora exteriorizo será que o desejo de não te perder se realiza na materialidade de te ver..não sei...
só sei que o teu olhar reconforta,
que da tua boca sai a nota,
que na tua alma sinto-me em paz...
e porquê? Bom é simples tu ouves-me, tu compreendes-me, mesmo assim...


usando um pequeno texto do Miguel Sousa Tavares em No Teu Deserto (118,119:2009):

"...Hoje já ninguém vai ao nosso deserto, Cláudia...
...A razão principal é que já não há muita gente que tenha tempo a perder com o deserto. Não sabem para que serve e, quando me perguntam o que há lá e eu respondo "nada", eles riscam mentalmente essa viagem dos seus projectos. Viajam antes em massa para onde toda a gente vai e todos se encontram. As coisas mudaram muito, Cláudia! Todos têm terror do silêncio e da solidão e vivem a bombardear-se de telefonemas, mensagens escritas, mails e contactos no Facebook e nas redes sociais da Net, onde se oferecem como amigos e quem nunca viram na vida. Em vez do silêncio, falam sem cessar; em vez de se encontrarem, contactam-se para não perder tempo; em vez de se descobrirem, expõem-se logo por inteiro..."

Sim não foi minha autoria, sim eu sei não fui original como sempre sou, mas quero tanto que o leias que não resisti por este pouquinho, que é nada, num deserto imenso do que o nada pode significar para nós, de tão abundante que é, contempla-lo não é para todos, percebe-lo muito menos. Acho que ele age como aquela frase: "Faz tudo como se alguém te contemplasse", acho que o deserto é assim um imenso de contemplação que faz algo para alguém, parecendo toda a gente, mas sendo apenas para um par só, o da história do Miguel S. T. ou o nosso, porque contemplar a par deixa tudo tão mais bonito!


Bom,

não posso deixar de fazer o reparo de que...estou petrificado com a tua escrita, porque sendo sincero não estava à espera de encontrar algo tão "suave" e tão "rico".
Aquilo que escreves é como um topping de caramelo num crepe acabado de fazer...
Primeiro tens a massa e olhas e...baahhh que aspecto! Depois...
Vai para a chapa e eis que a massa algo "desnutrida" à vista nua, ganha forma e cheiro e voilá, as pupilas gustativas salivam de emoção...Finalizando..
Vem o topping de caramelo que já é um extra aquela maravilha e que nunca se põe em excesso apesar de querermos muito, e o que se faz, deseja-se que isso aconteça, mas saboreia-se por isso não acontecer, porque o que é demais enjoa e porque o que parece pouco, adoça a vida de uma maneira que saboreamos muitas vezes imaginando o como é pouco o topping no crepe...


Nos dias que te não oiço...que breve pesadelo atormentado na neblina...sonho. O sonho começa a não chegar. Minto-me, nego, finjo que me é indiferente...mas toca-me! Não quero, não queria, não assim...Aconteceu. Deixámos acontecer, mesmo sem eu querer. Nunca pensei...e que bem fiz eu. O tempo que corria, agora anda. O sentimento, hum...esse é forte. ahhhhh, acordo e ainda aí estás, companheira, simples, a meu lado interessadamente. Dou-te o meu melhor porque não quero saber...não queria, agora quero. Interessa-me o teu interesse. Suscita-me a tua aptidão de fazer bem e de ligar as peças pelo encaixe..tão simples, sem racionalidade..dois num só. O resto cresce vai crescendo à volta...verdade, não estamos parados, mas não forçamos nada, apenas nos damos, porque o queremos, porque nos agrada, porque nos faz bem...Suspiro e sinto! É forte...e digo surpreendido,eu não queria.
Mas deixei-me querer...
Alimento, deixo alimentar e quero mais...estranho, cruel, exigente talvez...mas não posso não querer. Não o quero para mim, oh não, quero para nós. Sozinho nada, apenas metade, apenas racional, apenas teórico incompetente sem o que me liga ao mundo. Junto a ti, compreendido, ouvido, pensativo de uma forma simples e directa, actor e não planeador...completo. Completas-me...
Vou ali e já venho....experiência, teste...(já não vai estar eu sei, não importa foi bom, foi como se quis).
Mas estás! que quer dizer...que queres, que pretendes..
Feliz....por nós!
Nada me importa a não ser o que somos, só nós, para nós....
Somos Tanto....


olá...
No mínimo o teu hi 5 é bastante curioso, a tua galeria pessoal tem um toque artístico bem engraçado, diria curioso.
Eu acho que estamos num mundo onde as acções tem consequências sim, mas nem sempre as consequências que expectamos. Concordo que seja um mundo invisível, onde parece que mostramos tudo ou um pouco, mas na realidade aquilo que menos costumamos mostrar é quem somos realmente e o que sentimos de verdade e escolhemos locais como este para nos expressarmos e mostrar-mos...aquilo que desejamos ser, sentir e exteriorizar..Isto não nos liga à vida, às pessoas ou ao mundo, isto liga-nos sim, ao interesse de continuarmos ligados, ligados a coisas que vemos, lemos e ao nosso computador que não é mais do que a janela fumada de algo que não se vê muito bem, os outros e nós mesmos. Muitos perdem realmente a sua identidade, manifestando-se por necessidade de uma janela transparente que não esta, muitos mantêm-se fiéis a si mesmos no inicio e acabam por ceder e muitos os há também que são fiéis a si, parecendo elementos estranhos e não modernizados dentro do moderno..
Quando em qualquer rede social temos muito, esse muito acaba por se tornar pouco e assim o é também na vida. Vivemos `velocidade da luz, consumimos o imediato, aqui e agora, e quando parece ou temos a percepção que já conhecemos tudo, já vimos e sabemos tudo, então optámos por mudar, porque já achamos estranho estranho estar bem, estáveis, acomodados...e vivemos assim como nómadas sem pouso, sem rumo, sem identidade, simplesmente mudando à espera que um dia tudo bata bem, sem que os nossos objectivos sejam trabalhados...que noção mais distorcida..



Não rejeitarás?

Eu penso que não devermos pensar no que faltou ou no que falhou. Devemos pensar no que fizemos e a forma como fizemos. e porquê? Porque se assim aconteceu, foi porque tinha de acontecer. Não poderemos mudar o que passou, podemos reflectir e querer ser melhores depois. Já to havia dito e digo-te de novo :) Não queiras redimir-te do que fizeste ou como agiste, tenta apenas dar o melhor de ti e terás sempre a certeza, que apesar de te parecer incompleto, foi a tua dádiva, foi o que tinhas para dar, foste tu. Não damos sempre o mesmo, com a mesma intensidade, com a mesma alegria e força, mas eu dou sempre, mais ou menos, sou eu e o melhor que tento ser e aí já tenho a certeza que fiz algo maravilhoso ;)

abraço e continua a brilhar



olá...

tu tens tido tempo?? bem estranho isso, nem sei bem o que dizer! ah sei...pois eu notei muito isso da minha parte..
Quanto ao farmville acho que é mesmo um joguinho de quem não tem nada que fazer e quer brincar aos agricultores, é que nem se aprende como se fazem as coisas de verdade!!

Enfim..a frase também deve ter tido piada no contexto, mas agora não enxergo qualquer razão para ter piada visto que a sexualidade ainda é assunto sério e tabu na sociedade portuguesa, apesar de já ser obrigatório na escola a educação sexual!

arriscar é ter a certeza de tudo e de nada...é sentir na pele, é ganhar e perder assim...do nada...do tudo! surge e desaparece, revê-se ou talvez não. Sempre se arriscará, mais ou menos. Certo é que para viver há que arriscar...eu já o fiz...

Dizem que o sonho comanda a vida...
Dizem que os jovens de hoje não sonham, que simplesmente são tão indiferentes que não têm uma causa por que lutar...

Porque sonhar ao fim ao cabo é isso, ter uma causa. Nossa, de um grupo, com outra pessoa...um objectivo aparentemente longe, na iminência do perto...

O sonho não se toca... mas sente-se!

Há quem sonhe, e chore por sonhar...e há quem o faça e delire de alegria...

O sonho é uma arte...e realmente comanda a vida....

No dia que o sonho morrer, o mundo morre com ele.
E entre o holocausto e o devaneio, permaneço sonhando acordado,
pelo aquilo que anseio,
e que aqui me manterá mais um bocado!!


As relações interpessoais são complicadas porque afectam duas ou mais pessoas em comum com um mesmo assunto, daí nascem os conflitos mas também as resoluções!
Prefiro ter problemas junto do que ser feliz separado!!

Em tudo na vida,
Sua perspectiva,
a cada olhar,
o próprio perspectivar.

Cada um vê como vê,
independente da razão,
vê o inconsciente,
e a afinidade que tem ou não!

Tudo cresce, tudo evolui, tudo se transforma,
até o real e o fictício ganham forma,
numa era de conturbados contornos absolutos,
nada é mais bonito do que ver os putos!

A pureza, a alegria e a simplicidade,
combinam a mais versata de todas, a beldade,
enfeitiçando velhos e graúdos num frenesim,
e resta o absurdo que é absorvido no fim.

O mundo e a sociedade fundem-se num tosco,
contestando com a elegibilidade o seu maior posto,
exibindo e vangloriando tudo o que tem em si,
tem mais que muito mas eu prevejo um fim!



A cada silêncio teu, um suspiro meu.
O som eterno desse silêncio que não se ouve e que nos mói. Pelo desconhecido, pelo des-emotivo, pela falta e pelo grito que não sai.
Liberta-te, revolta-te, envolve-te e por fim grita...

Vital

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Como se vota quando se é analfabeto?

As legislativas já foram, eis que surgiram as autárquicas…que no entretanto também já se foram. Mas aquela sensação de agitação não se fez sentir (pelo menos para os meus lados). Aquela brisa de mudança que se sente no rosto perto do mar, ainda não se fez sentir com estas votações, no entanto uma questão mais alta se levanta.

Quando fui votar nas legislativas reparei na quantidade de partidos e forças políticas que o papel A4 apresentava com os nomes dos partidos todos bonitinhos. Por esta altura surgiram-me umas interrogações quase instantâneas…

E se eu não soubesse ler nem escrever como poderia eu votar?
Será que as pessoas analfabetas votam?
Será que há uma forma de estas pessoas votarem, escolherem, sem serem influenciadas?
Mais uma vez eu não sei como se processam casos destes, mas sei que as pessoas com deficiência já têm outras hipóteses de voto, como por exemplo as pessoas com deficiência visual, ou estou enganado?