quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Para onde vão os milhões apreendidos das rusgas?

No outro dia estava a ver o jornal da tarde na televisão e houve uma notícia que me chamou bastante a atenção. Um corpo de intervenção da polícia espanhola entrou de rompante num bairro social à procura de armas e droga. Para espanto do corpo de assalto, armas nada, droga pouca, mas encontraram algo mais surpreendente. Nada mais nada menos que cerca de 4,6 milhões de euros enterrados, ensacados e bem diferenciados em maços, tal como num banco.

Numa altura em que a crise assola o mundo a minha pergunta é simples?
Para onde vão estes milhões?

Sinceramente não sei o que é feito a este dinheiro, mas sei enumerar algumas hipóteses, ora vejamos:

-porque não ceder este dinheiro a instituições de solidariedade social, ou que abraçam movimentos solidários para com algumas problemáticas;
-porque não ceder este dinheiro para a contínua investigação científica;
-porque não ceder este dinheiro para a educação e formação de pessoas em bairros problemáticos;
-porque não ceder este dinheiro para corporações de bombeiros;
-porque não ceder este dinheiro para salvar património português;
-porque não ceder este dinheiro para….

Fico à espera de mais sugestões.

E entretanto vou ver se descubro o que fazem ao dinheiro das apreensões.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Burro porquê? Cada um escolhe o que é, sabendo mais disto e menos daquilo.

Escrevo este post por uma questão real e intrigante. Como é do conhecimento de todos a escola é obrigatória até ao 9.º ano (por enquanto). Desde que atingimos a idade compreendida para ingressarmos o meio escolar nunca mais paramos de o fazer exaustivamente sempre a estudar. O que acontece é que nos especificamos em conseguir responder ao sistema escolar sempre, na maioria sempre em teoria e não em prática. Mas será esta resposta escolar que define que um individuo é burro ou tem falta de Q.I.?

A minha ideia é que não! Cada indivíduo percorre no seu percurso de vida com caminhos diferentes e é isso que nos define enquanto detentores de determinado saber, mais deste menos daquele. É certo que a escola até ao 12.º ano complementa muito o nosso saber pessoal, social, económico, politico, histórico…uma panóplia de temáticas diferenciadas, mas de qualquer forma, qualquer um de nós poderá sempre tentar, se motivado e estimulado adquirir estes mesmos conhecimentos por outras vias. Verificamos frequentemente que quem abandona o meio escolar cedo de mais não possui níveis de literacia suficientes, por sua vez os mesmos são colmatados por saberes práticos, quotidianos, de ocasião, entre outros, que permitem também um forte enriquecimento destas pessoas. O ideal seria sempre termos os dois ao mesmo tempo, teoria – prática, mas nem sempre isso é possível. Desta forma algumas pessoas sentem-se asfixiadas por este modelo escolar, abandonando-o pela não praticidade ou aplicação prática dos fundamentos teóricos e técnicos que estão a aprender.
Todavia indicar que o indivíduo é burro por não frequentar um ensino superior é totalmente descabido e errado. A escola não mede mais do que aquilo que pretende medir, formando teóricos pouco capazes e socialmente indiferenciados. Sabemos que hoje, com o proceso de Bolonha são poucos os que terminam uma licenciatura e estão aptos a entrar no mundo do trabalho com as competências desejadas. Mas mais errado é um indivíduo em condições “inferiores” escolarmente, assumir-se como inferior relativamente a um corpo escolar detentor de saberes específicos em determinadas áreas do conhecimento.

Ser conhecedor é uma coisa, ser detentor do saber é outra e saber utilizar ambas é uma arte.

Não há quem tudo saiba, nem existem pessoas burras. Só pessoas com interesses diferentes e oportunidades e afinidades diferentes. Como motivá-las a serem melhores, mais eficazes e mais detentoras de saber? É uma resposta que ainda poucos saberão, mas com certeza estratégias não faltam.

Cabe-nos a "nós" educadores conseguir chegar a um caminho...Neste momento não temos caminho, por isso não continuemos a alcatroar estradas, apenas estamos a consolidar o que nem alicerces tem...para quê alcatrão por cima de um não caminho, para quê falso conhecimento, se não formamos e integramos na sociedade, permitindo estruturas físicas e emocionais sólidas em qualquer indivíduo, desconstruindo mitos e barreiras na mente dos jovens e adultos de amanhã..

Alguém dizia: " eduquemos as crianças para não punirmos os adultos."

Que sociedade queremos afinal?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A actual e permanente ignorância social em espaço público e de atendimento – correios

Há episódios do caraças não há?
Ainda no outro dia fui aos correios por uma carta para uma amiga…sim porque eu ainda sou dos que gosta de trocar cartas em vez de enviar e-mails e sms sem fim e sem originalidade.

O que aconteceu foi que me deparei com uma fila enorme, o belo dia das pensões dos reformados. Cheguei-me à maquinaria digital e retirei uma senha com o meu número para o qual ainda faltavam imensos números até a minha vez. Com a espera activa e com o olhar atento sobre os livros dos correios, sim os correios agora também vendem livros entre outras coisas para escritório, ia ouvindo o cintilar trepidante de uma campainha entediada, tipo, beeeiinn, passando os números calmamente num painel digital e central sob as cabeças dos empregados de balcão, que paralelamente indicava o balcão ao qual a pessoa portadora daquele ticket se deveria dirigir.
Pacientemente vi passar os números até chegar ao meu quando finalmente os meus olhos brilharam esbugalhados por ver o meu número. Atordoado ainda da espera dirigi-me logo ao balcão que estava à minha frente no qual permaneci breves 10 segundos diante de um homem cansado e sem fala de um dia estafante, até que me apercebi que não ia ser atendido por aquele senhor porque não reparei qual era o número do balcão. Ao mesmo tempo olhei instintivamente para o painel digital e vi passar o meu número e o balcão, o número que esse mesmo balcão chamou em seguida e o número do balcão em que me encontrava. Quando o senhor espreita por fim diz-me não é esse número, ao que eu avancei prontamente para o balcão correcto ao mesmo tempo que o número que fora chamado em seguida, que por sinal pertencia a uma senhora bem ignorantemente chateada.

Ao aperceber-me da situação, dirigi-me à senhora e disse:

“Peço imensa desculpa eu era o número anterior mas confundi o balcão é só para enviar a carta não se importa?”

Ao que ela respondeu prontamente:

“Pois a culpa não é minha, faça como os outros e tire o ticket e espere.”

A senhora dos correios também meio atrapalhada e com olhar indignado da parvoíce daquela senhora, atendeu-a prontamente e fez-me um olhar do género aguarde 5 seg.
Ao mesmo tempo que atendia a chateada senhora, recebeu o meu envelope sem dizer palavra, pesou-o e pediu os 0.50 cêntimos, colocando a minha carta no correio azul.

“Por fim despachado pensei eu…”

Como estava enganado. A outra senhora indignada por eu ter sido despachado mais rapidamente lança-me um olhar furioso e diz:

“Também tenho de começar a passar a frente, estou a ver que me despacho mais rápido”

Ao que eu não respondi e segui o meu caminho. E é nestas alturas que venero os países nórdicos e a sua astúcia social.
Quando chegaremos lá?

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Afinal Darwin tinha razão – especificações de uma geração morangos

Já repararam como os miúdos crescem hoje em dia?

Um amigo alertou-me para esse facto, que já não me era desconhecido. Mas a verdade é que temos cada vez mais miúdos entre os 12 e os 16 bastante atraentes fisicamente e com um desenvolvimento hormonal e estrutural “fora da idade”. Muitos poderão ser os factores modelantes desta renovação física destas gerações mais novas, mas é um facto que trazem ilusões e problemas para todos os que possam sequer, por amizade ou por trabalho envolver-se com estas criancinhas bonitinhas. Digo isto porque já se sucederam vários episódios, de salientar tristes, para os envolvidos, que não deveriam acontecer, mas acontecem exactamente por esta aparência tão madura e bela destes jovens.

Que tem Darwin a ver com isto? Bom é muito simples Darwin entre muitas coisas, hipotecou uma teoria de que as espécies mais vindouras e resilientes seriam aquelas que permaneceriam mais tempo, ou seja, dentro de uma manada, os mais fortes, mais aptos e com maiores capacidades seriam aqueles que por várias situações da altura sobreviveriam face aos que não possuíam estas características. Posteriormente esses que sobreviveram passariam à descendência os seus magníficos genes “mega super”, que os fizeram ser duradouros. Ora existe aqui um afunilamento de qualidades que são passados de geração em geração enquanto os “podres” se extinguem.

Ora, isto é o que de forma mais ou menos adaptada por mim, acontece hoje, há um estreitamento de condições sociais e físicas, criadas por estereótipos e xenofobias que levam ao balizamento e condicionamento desta geração “tão igual por fora e tão madura (exteriormente) ”. Como aquilo que vai passando é esta atitude, esta forma de crescer e a preocupação com a imagem, cada vez mais o resultado especifico que vamos observando é este, de estética inigualável.

Até onde iremos parar?

Esta pergunta é bastante difícil de responder, mas cada vez mais, aparentemente, os jovens parecem todos iguais, ao ponto e eu ter confundido um manequim da montra com um jovem que segundos depois passou por mim com o vestuário exactamente igual.
Modelamos, modelamos e modelamos e deixamos sem muita preocupação de trabalhar o interior destes jovens, os seus valores e a sua educação. Vivam os morangos.
Não são assim tão maus digo-vos eu, têm mensagens subentendidas bem boas, mas alguns dos jovens de hoje não têm essa perspicácia mental e ginástica social.

“A teoria da evolução, evolucionismo, Charles Darwin, evolução dos seres vivos, adaptação ao meio ambiente.

No decorrer deste último século os cientistas descobriram várias pistas que os levaram a algumas comprovações sobre a teoria da evolução.
Sabe-se que a princípio, não existiam seres vivos possuidores de coluna vertebral. Antes do surgimento dos primeiros vertebrados milhões de anos passaram na história da evolução. Os primeiros a aparecer tinham a forma de peixe, e somente milhões de anos depois é que os primeiros anfíbios passaram a existir, e depois vieram os répteis, pássaros e mamíferos.

No decorrer de todo este processo, inúmeras explicações surgiram, contudo, a mais conhecida foi explorada por Darwin (teoria evolucionista). Ele observou que não existem duas plantas ou dois animais exactamente iguais.
Observou também que essas diferenças são benéficas para a obtenção de mais alimento, facto que permite uma melhor formação e um tempo de vida mais prolongado. Essas variações passaram de geração para geração e foram muito úteis para o desenvolvimento dos seres vivos.

Após milhões de anos, a aparência de animais e plantas ficou bem diferente do que era. Aqueles que se desenvolveram melhor foram os que tiveram a oportunidade de se adaptar às inúmeras mudanças que ocorreram no nosso planeta.”

Fonte: http://www.suapesquisa.com/cienciastecnologia/evolucao.htm

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Especificações de trabalho – os profissionais do teleponto.

Ser profissional de alguma coisa é uma árvore que em tempos já deu frutos. Hoje ser um profissional de qualquer profissão, envergando toda a nobreza que todas as profissões têm, é, mais do que a profissionalização propriamente dita, acima de tudo uma especificação e especialização naquilo que se faz. Não basta ser profissional, há que ser assertivamente específico para um melhor desempenho de funções, mais eficiente, hoje é assim.

De todas as profissões que conheço, que apesar de achar muitas, são poucas na complexidade do nosso mundo, há uma que hoje pretendo destacar aqui. Os profissionais de teleponto.

Na maioria são jornalistas, comentadores, apresentadores, entertainers, etc. Esta tão nobre profissão é para mim da maior complexidade literária. A capacidade de literacia desenvolvida pelos profissionais desta área é talvez equiparada à grandiosidade de uma expedição à lua.

Já se imaginaram a ler as vossas próprias notas, as notas da vossa editora, os sinais que vos fazem em determinada apresentação pública alertando para algo, a leitura de um texto que vai passado sem entoação ou pontuação, as ordens directas no auricular, as notas de rodapé, o vislumbre da luzinha que pisca que indica a câmara a emitir no momento e os 10 holofotes que nos encadeiam, isto tudo apenas para começar um jornal, para introduzir um tema a apresentar, ou para iniciar um reflectido comentário?

Não deve ser pêra doce. Eu nunca o fiz e não é algo apelativo para mim, mas existem pessoas que vivem do teleponto, que nos fazem viajar em casa com esta ferramenta e que debitam informação em segundos fixando o olhar na câmara que os filma. São prodígios digo-vos eu, deve requerer muito treino. No entanto conheço apresentadores de televisão que se sentem demasiado à vontade para não fazerem uso desta ferramenta, dispensando-a e utilizando apenas a sua cabeça e os cartões com a estrutura do programa.

Pergunto-me eu. O que será mais fácil ou mais difícil? Ser um profissional de teleponto assumido, ou um profissional de teleponto (pelo meio envolvente) que não o utiliza?

Para ambos é preciso bastante destreza, daquela que não se encontra na esquina, mas se trabalha com tempo.

Deixo-vos a frase para responderem.
Existo logo assisto, ou existo logo faço assistir? (tendo em conta a problemática teleponto obviamente)

domingo, 18 de outubro de 2009

Desempregados e profissionais do telefone

Portugal, assim como muitos países no mundo, esta neste momento numa situação de crise. Esta crise avança em vários níveis, atinge várias classes e hierarquias, mas desenvolve-se de maneira diferente nos vários sectores que compõe um país. Um dos pontos bastante falados ultimamente prende-se com a questão do desemprego, das condições miseráveis dos desempregados e do comodismo de quem se habitua a viver neste ritmo, com estes rendimentos sociais e com falta de motivação de quem já levou muitos nãos.

Um desempregado encontra-se numa situação grave e de muito risco, sendo que esta posição é também o extremo do sentimento de “não servir para.” É-se velho demais para alguns empregos, noutros casos demasiado jovens e sem experiência, em casos similares têm habilitações a mais ou de menos, enfim, um leque variado para não possuir emprego, mas estes casos de batalha são para mim os menos maus. Os piores, são aqueles casos em que uma pessoa trabalha anos em indústrias de vários sectores e vê-se sem rede de amparo de um dia para o outro (no desemprego). Estas pessoas são aquelas que precisam urgentemente de dinheiro para sustentar uma vida mais ou menos estável e em que a solução se desvenda com os rendimentos sociais e ainda por cima não se tem de trabalhar, ou faz-se formações em que se ganha dinheiro. É ouro sobre azul. Estas pessoas habituaram-se a um ritmo de vida, que não se encaixa hoje em qualquer sociedade, aumentando e puxando os galões ao máximo para permanecer o máximo de tempo possível no desemprego com rendimentos sociais.

Mas como se não bastasse, para além desta situação precária, pegou a moda dos telefones.

O que é a moda dos telefones?
Bom a moda dos telefones é nada mais nada menos que uma táctica bastante especifica de indivíduos desempregados ou sem ocupação, que consiste em possuir quatro a cinco telefones instalados em linha para ligar para todos os concursos de televisão dos vários canais. Ora este é um ciclo que tem dado frutos, conheço alguns casos, e a verdade é que realmente resulta positivamente. Façamos algumas contas a como ganhar dinheiro.

Eu sou um desempregado que aufiro 400 euros por mês sob o meu tempo activo laboral e quero por este dinheiro a render. Monto cinco telefones em linha e assisto pacificamente aos programas de TV. Na altura de ligar para ganhar os concursos que em média dão 500 euros, começo a ligar do 1.º telefone ao 5.º sempre pela ordem e…eis que ganho o prémio. Faço-o em programas da manhã, da tarde e da noite.
Se numa semana fizer 1500 euros e gastar 200 do rendimento social, já lucrei 1300 euros do prémio que ganhei, o que é fantástico. Como prémios ou ofertas até 500 euros não necessitam de ser deduzidos pelo estado o que vem é lucro e desta forma sarcástica aplicam-se os rendimentos sociais como monopólio cumulativo por acção pró-activa.

Há coisas fantásticas não há?

sábado, 10 de outubro de 2009

A utopia de um posto de trabalho que poderia ser substituído por um sinal!

O que é o mundo?

mundo | s. m. | adj.


Mundo
(latim mundus, -i, conjunto dos corpos celestes, firmamento, universo)
s. m.
1. O espaço com todos os seus corpos e seres.
2. Universo.
3. Conjunto dos astros a que o Sol serve de centro.
4. Globo terrestre.
5. Esfera armilar.
6. Astro; planeta.
7. Cada um dos dois grandes continentes terrestres, particularmente a América, quando chamada Novo Mundo.
8. Por ext. A gente; a humanidade.
9. A vida terrestre.
10. Classe, categoria social.
11. Sociedade.
12. Tudo o que é grande.
13. Prazeres materiais.
adj.
14. Mundificação, limpo; puros.
mundos e fundos: grandes riquezas; grandes promessas.
o outro mundo: a vida futura.
vir ao mundo: nascer.
terceiro mundo: conjunto de países pobres ou subdesenvolvidos.

Fonte dicionário on-line Priberam.

Para mim o mundo é esta massa cósmica agregada, que tem condições de preservar a vida animal e humana. Mas este mundo não é o mesmo de antigamente, tal como estes animais, tal como estes Homens. Este mundo é aquele em que se cria tudo, se combina tudo e tudo se transforma. Para isso o homem de hoje usa para além da sua inteligência, todos os apetrechos de inteligência artificial ao seu alcance.

Manipula, condiciona e estigmatiza. E o mundo de hoje é aquele que o Homem fez, é aquele que sofreu mais que todos as revoluções, as industrializações e as evoluções.
Neste mundo de hoje tão complexamente moderno, diferente e eficiente, porque não, existe e coabita com toda esta beldade literária, paisagística, uma profunda crise de empregos. Como? Não sei. Trabalho não falta, oportunidades também não, criação também não! Então falta o quê? Um desbloqueamento do trabalho…sim mas onde? Na mente das pessoas. Não espere o seu trabalho óptimo, se não consegue arranjar emprego, crie-o, é assim hoje…mas também hoje há empregos que se mantêm para sempre.

Há coisa de dias, fui buscar uma pessoa à estação de comboios e quando se aproximava a chegada de um, reparei num homem, já de idade, com uma farda de trabalho distinta, mas específica, deambulando entre as pessoas, o stress humano de quem parte, de quem chega e o frenesim do cheiro característico das máquinas. Era um ar abatido, de quem o faz o mesmo há anos e ainda não se cansou, talvez pelo acaso, ou porque não teve hipótese, sendo que essa era arriscada demais. Era um senhor, que toma conta da partida e da chegada das máquinas, com as suas bandeirinhas debaixo do braço e com o seu caderno de rabiscos, marcando a hora. Via-se que há anos que o faz.

As primeiras linhas ferroviárias em Portugal, se não me falha a memória, surgiram por necessidades mercantis lá para os lados de Torres Novas, Moitas Vendas e já faz um tempo que este “nosso amigo” nos acompanha em trabalho, escola, lazer, aventura, desporto, cultura, etc. Com certeza não morrerá em breve, ou pelo menos assim o espero, tal como aquela nobre profissão.

Acabar com ela seria fácil, bastava colocar sinal de luz que marcava o parar e o pode avançar estamos todos a bordo, mas não seria o mesmo. O doce sabor humano das estações mais tradicionais é insubstituível, assim como o gosto incutido desde garoto nestas pessoas, pelos comboios.

Haverá neste mundo profissão tão silenciosa, encoberta e desamparada como esta? Em que uns troçam, outros não saúdam, nas manhãs, nas tardes, nas noites, em que aquilo que une o ser humano ao seu emprego é apenas o gosto de quem assim foi ensinado e apregoado e que viu mudar as pessoas sempre no mesmo local.
Estas pessoas merecem o meu apreço bem como a não extinção da sua profissão, porque o gostinho humano da sua saudação calorosa numa noite fria na estação vale o esboço de um sorriso de quem já passou por muito e que tem muito para partilhar…

sábado, 3 de outubro de 2009

Afinal o tratado de Lisboa vai em frente.

Finalmente os Irlandeses decidiram em referendo abdicar da sua anterior posição de “não” firme para um “sim” de medo.

“O Tratado de Lisboa, que altera o Tratado da União Europeia e o Tratado que institui a Comunidade Europeia, foi assinado em Lisboa, a 13 de Dezembro de 2007, pelos representantes dos 27 Estados Membros.

Nos termos do seu artigo 6.º, o Tratado terá de ser ratificado pelos Estados Membros de acordo com as respectivas normas constitucionais e entraria em vigor no dia 1 de Janeiro de 2009, se tiverem sido depositados todos os instrumentos de ratificação ou, na falta desse depósito, no primeiro dia do mês seguinte ao do depósito do último instrumento de ratificação.

O Tratado da União Europeia contém uma disposição que permite a revisão dos Tratados. O artigo 48.º prevê que qualquer Estado¬ Membro ou a Comissão podem submeter ao Conselho projectos de revisão dos Tratados. É assim aberta a via, se o Conselho concordar, para que o Presidente do Conselho convoque uma Conferência Intergovernamental (CIG).

Para que os Tratados sejam alterados, é necessário o acordo unânime de todos os Estados¬ Membros. É também necessário, que antes da entrada em vigor de um novo Tratado, todos os Estados¬-Membros procedam à ratificação em conformidade com os respectivos procedimentos internos.

Ao longo dos últimos anos, tiveram lugar algumas Conferências Intergovernamentais. Destas resultaram sucessivos Tratados de alteração, nomeadamente o Acto Único Europeu (1986), o Tratado da União Europeia (1992), o Tratado de Amesterdão (1997) e o Tratado de Nice (2001).”

A 13 de Dezembro de 2007 surge de forma impressionante e com alguma surpresa em Portugal o tratado de Lisboa, o mesmo que já havia sido duas vezes chumbado anteriormente por referendo e o qual ainda se estava sobre período de reflexão. Com o tratado de Lisboa ou reformador, que altera, sem substituir os tratados da União Europeia e da Comunidade Europeia actualmente em vigor, surge então a ideia de não referendo, uma ideia inteligente por parte dos defensores de tratado espantando assim os mais entusiastas que de alguma forma estariam dispostos a pôr termo novamente a este tratado reformador.

Segundo o site da Europa, este tratado surge da necessidade de se modernizar e reformar uma Europa que ainda funcionava com regras concebidas para 15 Estados-Membros. Ainda segundo o mesmo site, o tratado traduz-se em poucas palavras numa Europa mais democrática e transparente, ou seja, oportunidades para os cidadãos fazerem ouvir a sua voz, tanto no parlamento Europeu como nos parlamentos nacionais. Não será este último ponto contraditório uma vez que a União decidiu pela via parlamentar em vez do referendo que, esse sim daria a voz aos cidadãos. A ideia de uma Europa mais eficiente é também aclamada pelo novo tratado com novas regras de votação e métodos de trabalho simplificado, traduzindo-se numa maior capacidade de intervenção nas várias áreas. O tratado de Lisboa cria ainda a função de presidente do Conselho Europeu, introduzindo regras mais claras e, relação à cooperação e disposições financeiras. Este ponto não deixa também de ser interessante uma vez que as verbas dispares entre União Europeia e Conselho da Europa são enormes, sendo o da União Europeia de 120 mil milhões de euros por ano. Direitos e valores, liberdade, solidariedade e segurança é também um dos pontos fortes deste tratado com a introdução da Carta dos Direitos Fundamentais com carácter jurídico e vinculativo às suas disposições garantido as liberdades e os princípios, consagrados em direitos civis, políticos, económicos e sociais, no geral protege e reforça liberdades politicas, económicas e sociais dos cidadãos, pondo em destaque a solidariedade no domínio da energia e em casos específicos de catástrofes e terrorismo, mais segurança para todos portanto.

Na cena mundial este tratado traz à Europa uma posição clara nas relações com parceiros aproveitando vantagens económicas, humanitárias, políticas e diplomáticas promovendo valores europeus em todo o mundo, isto ainda segundo o mesmo site, mas não serão todas estas vantagens apenas de alguns países elitistas da União Europeia que aplicam e promovem o neo-liberalismo económico bem como o capitalismo selvagem que assombra o nosso pequeno Portugal? A Europa nunca esteve tão longe de ter um papel preponderante na cena mundial, globalizante.
As principais alterações institucionais passam pois portanto pela redução de comissários até 2014.

O tratado de Lisboa reúne num só capitulo a maior parte das disposições em matéria de relações externas dos tratados actualmente em vigor com o intuito de criar um facilidade na sua leitura contribuindo para a coerência, o que não deixa de ser verdade por um lado e falso por outro, é muito fácil escrever, como na alínea tal, do artigo tal, do tratado tal, anterior, mas em termos de leitura é nulo, porque quem quiser ler na integra este novo tratado terá de se fazer acompanhar pelos anteriores para conseguir descodificar as pequenas armadilhas e politiquices estampadas sobre a forma de “facilidade” de leitura.
As alterações para os cidadãos traduzem-se numa coerência externa reforçada de um leque alargado de políticas internas, sobre as várias instituições da UE, assim um grupo de pelo menos 1 milhão dos 493 milhões de habitantes da UE poderá dirigir-se directamente à comissão e solicitar que apresente iniciativas de interesse em áreas específicas da competência da UE.

“Principais elementos do novo tratado europeu, o Tratado de Lisboa, que substituirá o projecto de Constituição europeia: - O Tratado de Reforma estipulado contém as emendas aos dois únicos tratados que o bloco vai conservar: o Tratado da União Europeia e o Tratado sobre o funcionamento da UE.

- Cria a figura de um presidente estável da União, eleito por um período de dois anos e meio, renovável uma vez.
- Cria o novo cargo de Alto Representante da União para Relações Exteriores e a Política de Segurança, que será ao mesmo tempo vice-presidente da Comissão Europeia e vai comandar um serviço de acção exterior.
- Instaura um novo sistema para o cálculo da maioria qualificada na tomada de decisões. A "maioria dupla" será adiada, no entanto, até 1 de Novembro de 2014, para atender à Polónia, que obtém outras garantias.
- Desaparece o veto em 40 âmbitos de acção suplementares, entre eles asilo, imigração e cooperação policial e judicial.
- A Comissão Europeia (órgão executivo), hoje com 27 membros, terá no máximo dois terços do número de Estados-membros a partir de 2014.
- Aumenta o poder de co-decisão ou co-legislação do Parlamento Europeu.
- A Carta Europeia de Direitos Fundamentais, que ocupava toda a parte II do Tratado constitucional, não faz parte do novo documento, que porém incluirá uma menção do seu carácter vinculativo.
- O Reino Unido obtém importantes esclarecimentos e restrições na aplicação da Carta ao seu território, assim como a Polónia.
- Maior papel dos Parlamentos nacionais.
- Reconhecimento da iniciativa popular: 1 milhões de cidadãos podem pedir à Comissão uma medida legislativa.
- A União Europeia terá personalidade jurídica única.
- Possibilidade dos Estados de abandonar a União.
- Novo mecanismo automático de colaboração reforçada na cooperação policial e judicial.”

Posto isto, bastou o medo de ficar sozinho economicamente para uma Irlanda decidida passar a uma Irlanda inferida. Que politica queremos afinal?

fontes: Conselho da União Europeia – Tratado de Lisboa 23.34 12/05/2008 http://www.consilium.europa.eu/cms3_fo/showPage.asp?id=1296&lang=pt&mode=g

Principais elementos do tratado de Lisboa in http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI2002975-EI294,00.html 20.00 17/05/2008

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Uma politica de abstenção não favorece a decisão.

E o vencedor das legislativas é?
Aparentemente o PS (partido socialista) foi o vencedor das legislativas de 2009, contudo a tão esperada maioria absoluta não foi um objectivo alcançado.

E isso era importante?

Para o PS sim, para os outros partidos uma questão de descentralizar o poder e para o resto do mundo algo que tanto faz.

Depois de ler todos os programas partidários e de ver alguns confrontos directos, os mais importantes e os que não se lavou roupa suja, pareceu-me evidente em quem votar. Mesmo assim houve quem não o fizesse.

No que respeita à abstenção, há quem diga que foram os portugueses, há quem diga que foram os outros partidos que souberam angariar com as suas politicas o eleitorado, eu digo que foi a própria abstenção. A abstenção foi quem roubou a maioria ao PS e quem efectivamente ganhou estas eleições com uma margem superior à de todos os partidos.

Como surge a abstenção e quais as suas repercussões?

A abstenção na minha visão, sofre de dois factores importantes, a falta de educação para a política e para o direito e dever cívico, participativo e decisivo, e obviamente para a crescente desmotivação de um povo que não vê melhorias nem a curto nem a longo prazo, assumindo ignorantemente que venha quem vier não haverá melhoras.

Será que é assim que tudo acontece? E se todos se abstivessem o que aconteceria?

Aparentemente é assim que vejo acontecer e não me parece que uma tentativa de pequena vingança ou represália para com o estado português tenha efeitos assim tão devastadores como os que as pessoas que não votaram acham que teriam. Esses efeitos seriam devastadores sim, se todas as pessoas votassem conscientes do que estão a votar, conhecendo as medidas e as politicas dos programas eleitorais e fossem instruídas o suficiente para serem fies aos direitos e deveres que cada cidadão e ser humano têm para viver em sociedade.

Se todas as pessoas se abstivessem nestas eleições com certeza novas eleições seriam agendadas e assim consecutivamente até um partido eleito. Mas tomando em conta o que junta as massas, a força do povo junto, “chamo” a este texto os locais onde melhor se faz isto. Esses locais são mesmo as associações culturais e recreativas locais, onde evidentemente é a força humana e voluntária que move tudo o que se cria, se faz e se transforma. A força de um todo, do colectivo, de pessoas diferentes que se juntam em prol da comunidade, tal como numas eleições deveria acontecer.

Diferenças?

Sim é totalmente diferente juntarmo-nos para ajudar a por tudo no sítio para uma festa popular, ou para um acontecimento social em prol da comunidade e votar em quem comandará Portugal, encaminhando-nos para melhores rumos. Logo, demarco aqui que apesar da importância real de trabalhar localmente e ir aumentando o círculo ate ao nacional, parece-me evidente que não podemos trabalhar localmente sem a maior decisão nacional, aquela que nos confere quem assuma algum do controlo que tende a distribuir-se neste país de comboios descomandados.

Acham que não faz diferença, seja qual for o poder político?

Estão muito enganados meus amigos. Faz toda a diferença. Ao ponto de um amigo meu PSD ferrenho e membro da JSD, me dizer sem qualquer medo que não votaria no seu partido, não depois de ler o programa eleitoral, não depois de ver alguns debates bem atabalhoados em português, não com esta líder partidária. Parece-me aqui óbvio que há ainda pessoas que conscientemente tomam as suas decisões muito para além da razão inequívoca de clubismo. Um partido não é um clube de futebol. Não devemos ser adeptos do nosso partido mas sim, adeptos da melhor ideologia política para o nosso país.

Como dizia Sócrates quando esmiuçado pelo gato fedorento, ser primeiro ministro não ter um emprego é muito mais que isso e com esta convicção clubista continuaremos a dar “empregos” a quem não os merece.

Pensem nisso?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Quando somos mais velhos dormimos melhor, ou ouvimos pior?

A questão do sono tem contornos de novela na sociedade actual. Esta mesma sociedade furacão, de consumismo e tortura monetária, tem alastrado consideravelmente, acarretando tal movimentação um aumento de doenças do foro psicológico. Isto, porque simplesmente “as pessoas não podem estar sossegadas um bocado.”

Já por várias vezes a questão veio a publico e várias foram as consequências deste mundo actual “hiper rápido” e consequentemente o défice de horas de sono, de descanso mental. Por estarmos com sono e por dormirmos, não significa que a nossa mente e corpo não continuem a laborar, inquietantes com o dia de amanhã. Posso enumerar depressões, falta de atenção, impaciência, inquietude, estados de vigilância demasiado altos, etc., etc., simplesmente por falta de umas boas horas de sono que permitem acordar em plenitude e tomar decisões conscientemente, sem estar no limite da linha do precipício.

Como as ocupações mentais tem demasiado espaço na nossa vida procuramos exaustivamente desprover a nossa mente desta pressão e aliviá-la de tensão por isso frequentamos cada vez mais sítios alucinantes sonoramente, onde não conseguimos simplesmente comunicar com o nosso colega do lado…mas já todos sabemos ao que vamos não é? Certo também é o facto de irmos paulatinamente perdendo a nossa audição de forma cavalgante e progressiva que nos deixa surdos mais cedo que o normal.
Ora não conseguimos estar descansados por isso ficamos surdos… não me parece uma solução, mas isto aproxima-se do:
“Quem não ouve é como quem não pensa…”
Os jovens de hoje sofrem maioritariamente de depressões e insónias por variadíssimas razões.



Depressão

s. f.
1. Abaixamento de nível.
2. Fig. Enfraquecimento, abatimento, físico ou moral.
3. Achatamento, cavidade pouco profunda.
depressão atmosférica: nos países temperados, área ciclónica.
depressão mental: perturbação mental caracterizada pela ansiedade e pela melancolia.
depressão nervosa: estado patológico de sofrimento psíquico assinalado por um abaixamento do sentimento de valor pessoal, por pessimismo e por uma inapetência face à vida.

Insónia

s. f.
Ausência ou falta de sono.


Fonte dicionário on-line Priberam.

Querendo eu pegar na questão do sono parece-me evidente o porquê de os jovens sofrerem insónias e os idosos não tanto! Pareceu-me evidente, embora não científico, mas em teoria os jovens ouvem melhor e estão mais concentrados em tudo o que os rodeia (pressão, tensão, meio escolar), logo conseguem mais facilmente acordar, ou não chegar a dormir, enquanto o idoso reformado e com pouca “concentração” a nível laboral, já possui um défice de audição maior, dormindo mais e melhor.
De uma forma muito superficial penso que esta minha teoria não será de todo descabida.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ser nadador salvador. Amor ao mar ou à vida humana? Um dilema social e profissional…

Começo este post com uma pergunta retórica. Haverá algo mais incondicional do que a vida humana? Na minha opinião não de todo. Aquilo que nos prende ao factor “estar vivo” só é ultrapassado pela capacidade espectacular que o ser humano tem de se superar a cada dia.
O nadador salvador é sem dúvida nenhuma, para mim, um ser humano que encaixa no perfil “superar-se”, para além de ser um apaixonado pelo mar e pelo seu “ambiente” envolvente é uma pessoa que “suprime” a sua vida pela vida de outros. Haverá maior dádiva humana que esta? Não existem muitas outras formas digo-vos eu!
Equitativamente existem outras profissões que padecem do mesmo mal, tal como ser bombeiro, polícia, etc. Normalmente por muitas razões de ordem social, governamental e organizacional, preocupamo-nos (na generalidade dos portugueses), em qualificar e quantificar a competência destas pessoas, sem pensar antecipadamente e em momentos de emergência extrema, a real intenção destas pessoas que se dispõem de forma tão honrosa. Quando corre bem, não há dilema, quando corre menos bem, tudo está mal e tem que mudar, sem querermos perceber porque aconteceu, quais as condicionantes, etc. Eu acredito piamente se estes profissionais tivessem sempre em toda a parte a solução e os meios disponíveis para ser perfeitos, os mesmos, não hesitariam em executar na perfeição a sua função, demasiadas vezes voluntária! E este é um ponto “ferido” destes profissionais, a precariedade da sua profissão. Comparando grosseiramente a profissão de um jogador profissional e de um profissional desta natureza, quem merece o salário que ganha? Eu acho que há profissionais que arriscam demasiado aquilo que pouco têm, a sua própria vida.
Hoje fui a uma praia vigiada do nosso Portugal e também hoje a bandeira estava vermelhíssima. Vários nadadores salvadores vagueavam pela praia fazendo soar o seu ruidoso apito como que a pedir para que as pessoas se retirassem da água bravia. Os pedidos conhecedores dos nadadores foram atendidos maioritariamente, mas existe sempre muito o Chico espertismo. Esse Chico espertismo, hoje quase resultou num afogamento para pai e filho porque a água estava só pela canela, não fosse a sua força e as 3 ondas seguidas que os deixaram submersos em escassos segundos…
Os nadadores intervieram rápida e eficazmente salvando ambos, pai e filho. Toda a gente ficou feliz, não fosse um nadador salvador, que mais tarde veio a ser apelidado de rabugento e de exigente entre outras coisas menos boas, que teve de voltar atrás porque o senhor (o pai), que não conseguia sair da água já estava de novo a molhar o pezinho dizendo alto e bom som para ele não se preocupar que a água estava só pela canela não ia acontecer nada.
E 2 minutos antes, também não ia pois não? Pois as pessoas também continuam a querer mostrar que sabem da profissão dos outros…é uma pena!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Uma política incorrectamente incorrecta penso eu de que…

Ultimamente tenho estado atento aos preços da Internet, os vários fornecedores e os pacotes que dispõem. Esta mesma pesquisa tem mostrado uma “oculta” relação preço - serviço, daquelas em que quando a oferta é muita e o preço é baixo, o pobre desconfia. Como Portugal é um país cada vez mais desigual, tal como a celebre marca de roupa (barata também por sinal, ou não), e também como a precariedade e as novas formas de pobreza que se têm diversificado, entramos naquilo a que eu chamo “Publicidade Míope”.

E o que é isto da publicidade míope é aquela publicidade fantástica, com produtos fantásticos a preços….adivinhem lá, FANTÁSTICOS. Não vos parece maravilhoso? E na realidade seria, não fossem os 30 mil asteriscos e os números para ler em rodapé. Antigamente quando a publicidade era menos enganosa estes asteriscos e números de rodapé iam praí até 3 no máximo, mas não é que agora as publicidades mais recentes adoptam até 7 itens destes, ou seja, 14, 7 de cada.

Mas isto não é com certeza o pior, se estiverem atentos como eu e se desconfiarem da grande esmola que estes senhores do mercado em franca crise nos dão. Franca crise porque como já foi mostrado em várias estatísticas europeias, não temos assim tantos utilizadores de Internet como isso, nem áreas amplamente cobertas, mas temos os preços mais caros. Continuamos a querer encher os bolsos, é à portuguesa! O pior mesmo, são pessoas que como eu compraram um serviço de Internet há muito tempo, que não vou especificar, que foi sofrendo actualizações de velocidade, os up grades, porque a velocidade do serviço foi aumentando e fez com que outras desaparecessem. Mas na realidade este up grade, não é de todo um up date, e porquê? Bom porque na realidade adquirir um novo pacote com velocidades mega superiores de Internet e com serviços wirless, mesmo com todos os asteriscos e numerosinhos, continua a custar bem menos (embora caro na média europeia) do que ser cliente há faz tempo. E eu pergunto sendo cliente há dez anos, digo eu como milhões de pessoas, não faria sentido que o meu plano de preços, para além da velocidade, fosse actualizado para o actual pacote oferecido a novas adesões? É que quase apetece dizer como um célebre anúncio agora, livra-te do teu serviço de Internet pré-histórico!
Para mim seria correcto que tal como me fizeram um up grade à velocidade, que é de 8 mg e também não existe, que me fizessem um up date do meu plano de preços para o de 10 euros inferior com velocidade quase duplicada da que disponho.

Será politicamente correcto e legal o que se faz? Eu digo, neste país sim, infelizmente. Será uma boa politica moral, empresarial e de cativação de clientes? Eu digo não, mas neste país, quem manda são as empresas, até já dizem que o nosso primeiro-ministro quer espiar o presidente da república. Eu pergunto porquê? E para quê? O senhor já não tem idade para off shores, agora os professores esses sim e ainda por cima no activo (das listas de espera claro).

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Francisco dá 10 a 0 a Manuela.

Tenho assistido a vários debates políticos recentemente entre os quais os principais cabeças de cartaz que se candidatam para as legislativas que ocorreram em breve.
De todos os que assisti até agora, o que mais me despertou atenção foi entre a Manuela e o Francisco, onde para mim, claramente Francisco ganhou o duelo por 10 a 0. Eu não sou de intrigas mas a senhora não teve argumentos para tanta verdade, ponto 1, que constava do seu mini programa generalista demais (o qual já fiz o download e confirmo o quão vago é) e ponto 2 aquilo que Manuela fez enquanto ministra das finanças.

Estes debates têm sido bastante interessantes pelo simples facto de serem tão bem legislados que há pouca margem de manobra para oscilação, embora o tenebroso Portas o tenha tentado, mas não posso dizer mais do que aquilo que Sócrates disse, ele é o senhor da guerra do Iraque que mais há a dizer se não mais coisas más, mas tirando isso são tudo coisas boas nestes debates, não lavar de roupa, não há afrontas assim tão directas e há visões de partidos políticos face a temas. As linhas entre estes partidos são cada vez mais ténues na minha visão e a mesclagem é grande quando assumem o poder e legislam aquilo que foi promulgado por outros, mas mais importante que isso é a mentalidade que o nosso país detém.

Se queremos estar na mó de cima porque não adoptar os programas de países nórdicos como Suécia ou Dinamarca e adaptá-los à nossa realidade?
Eu respondo. Porque existe demasiado interesse político e económico no nosso país que faz com que muitos continuem a lucrar com a ignorância dos outros, não pela sua burrice, mas pela sua falta de educação a vários níveis, são exemplo, sociais, culturais, económicos e políticos. E o que acontece? Bom é como respondeu Manuela a Francisco é a vida, quem tem dinheiro safa-se e salta de privado em privado comprando a sua formação, quem não tem e é precário vida fora e anda de “público em público” que se lixe. É mais ou menos isso.

Resta-me concluir este breve tópico com frases sucintas.

Não acho nunca a Manuela e o Portas com capacidade para comandar o nosso país, são correctamente imorais como dizia o filósofo.

Nunca tinha visto com atenção um debate ou discurso de Francisco, surpreendeu-me mesmo, passei a gostar mais de o ouvir.

Continuo a gostar do José, embora como digam é o que melhor foge às perguntas eu digo é o único até prova em contrário no caso freeport, com carácter e poder de argumentação suficiente para continuar a levar este país para algum porto, nem que seja continuar a afastar-nos da união europeia. Embora pareça o contrário.

Gostava de ver uma co-ligação impossível – Francisco e José.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A questão patrimonial. Turismo patrimonial a que custo?

O turismo tem sido reconstruído nos últimos tempos de uma forma devastadora. O seu impacto tem de sido de tal forma exacerbado que não há entrave monetário que se entreponha no seu caminho.
A sua importância a nível mundial é motivo suficiente para nesta economia “perdida”, ser o impulsionador crescente através das várias ofertas de pacotes life style direccionados aos bons investidores empresariais e privados que “fingem” gostar da história, do rural e da identidade de culturas.
O facto de o número exponencial de turistas a nível mundial ter aumentado bastante, fez com que o número de ofertas turísticas e a sua especialização tenha triplicado, para ir de encontro a este aumento. A tentativa de massificação do turismo em Portugal tem sido uma aposta ganha em alguns grupos específicos, onde a “massa” se torna moda e não mais acessível por esse facto. De certo, com a crise os preços do turismo estão mais baixos mas ainda existe ócio que não é para todos.
Com esta massificação de modas surge a necessidade de inovar. E inovar como? Bom em Portugal mais do que outra realidade que conheço, enquanto houver dinheiro, há inovação. É aqui que entram os investidores de empresas bem concebidas que pelo seu poder capital ultrapassam barreiras muito além do normal. Ora vejamos um exemplo:
“Em determinada região existe um pequeno palácio bem conhecido pelos seus habitantes, que conta uma história ímpar do único monumento ali existente. Acontece que esse mesmo monumento já há alguns anos tem vindo a degradar-se e ninguém para além da população (sem força jurídica), parece ralar-se com isso. É nesta altura que começa o jogo do empurra, uns porque não têm competências para tomar medidas, outras porque não existe lei específica para classificar, e ainda aqueles que não encontram respostas suficientes para proteger o que é seu. Encontramo-nos então num dilema. E, eis que surge um potencial interessado no palácio que, com uma quantia exorbitante, o compra e modifica a seu belo prazer, deixando apenas da história o que lhe interessa ou que fomenta algo que poderá nem ter acontecido, e…pim, pam, pum, tudo está resolvido por uma questão de números acima de qualquer moral, identidade, ou cultura. A legislação para todo o tipo de património continua a ser fraca face à crise capitalista, que não tem inviabilizado a sobreposição do valor monetário pelo valor patrimonial.”
As grandes perguntas que levanto neste momento são:
Quem protege? Com base me quê? Como se classifica o património? Quem o faz?
Na sociedade contemporânea do séc. XXI facilmente encontramos quem não se preocupe como património que é de todos, que é um legado e que “nos faz” enquanto história e cultura, pois um pouco como em todo o lado, olhar para o meu umbiguinho é muito mais delicado e cortês do que, me preocupar com aquilo que de certa forma me identifica no mundo.
Deparo-me então com um público mais preocupado com o seu bem-estar do que com o conhecimento da “sua” história. Dai a importância por parte das cadeias turísticas em “recriar” o ambiente, fazendo um pouco de “folclore” em torno do que realmente é, e daquilo que se quer fazer parecer ser. Manter algumas paredes, fachadas ou artefactos cria o ambiente peculiar de quem não preserva o que realmente é seu, regional, nacional, transnacional, da humanidade ou do mundo.
A relação mnemónica não é tida em conta na altura de adoptar este património e expô-lo ao roteiro turístico. Dai que a descaracterização dos povos e as suas identidades, está em franco risco com o crescente turismo patrimonial que de bom e a favor ainda pouco tem.
Saliento ainda o episodio “as 7 maravilhas de Portugal” e as “7 maravilhas do mundo” que trouxe a lembrança “inculta” (considerando culto aquele que reconhece estas maravilhas patrimoniais em tempo de não campanha e televotação), a alguns, que aliás ate trouxe casos de novela como o “CR7” (fenómeno Cristiano Ronaldo), que superaram o próprio evento e as suas maravilhas.
Ora…quem é a maravilha agora? Quem faz história ou quem conta a história?

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

As novas tecnologias em prol da mudança social e da poupança monetária.

Como é do conhecimento de todos, “dizem” que a crise veio para ficar. Eu digo, “dizem” porque já em toda a Europa e América se tinha assumido o fracasso do neoliberalismo capitalista quando em Portugal ainda se andava a especular sobre o real “impacto” no caso português, e isto porque nunca se assumiu realmente por que tipo de mercado nos andávamos a reger em Portugal.
Acompanhando o evoluir da crise, também nos últimos tempos têm evoluído as formas de publicitar e de promover novas tecnologias. No que respeita à mudança social adoptada em relação a eco energias, reciclagem, poupança de recursos e na maioria dos casos também a poupança monetária. Têm sido várias as ideias e hipóteses avançadas, quer para empresas, quer para privados, quer para o cidadão comum.
Alguns dos exemplos mais vistos em meios públicos prendem-se com a poupança de água, com sistemas inovadores nos WC, assim como a poupança de luz e energia eléctrica consumida.
Se em alguns conceitos específicos as ideias me parecem bastante amadurecidas e bem construídas, como os aero-geradores, os painéis solares e fotovoltaicos e alguns acumuladores, outros parecem-me ainda tão verdes que em algumas situações só trazem chatices.
Agora que estou de férias tenho passado mais tempo que o normal em sítios públicos nos quais me tenho deparado com estes sistemas menos bem conseguidos na minha visão. Já por algumas vezes tenho sido confrontado, num jogo de ver quem é o mais chato, com as luzes sensíveis ao movimento, em que o urinol se ri dos desenhos que faço na parede enquanto me movimento de um lado para o outro para ver (uma questão de luminosidade), o que estou a fazer. Também os sistemas com sensores nas torneiras que permitem poupar água enquanto as mãos permanecem debaixo das mesmas. Estes sensores parecem ser de “curto alcance” algumas vezes, porque temos quase de ficar com as mãos debaixo da torneira fora da área em que podemos alcançar a água, para tocar no sensor.
Será esta a forma mais eficaz de controlar alguns recursos ou será a forma de controlar alguns recursos? Ou será a forma de controlar as pessoas ainda não sensibilizadas suficientemente?
Não sei, mas sendo assim vou a casa fazer as necessidades fisiológicas…

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A felicidade é um meio de transporte não é o destino!

Numa das minhas pesquisas nesta fase inicial do meu blogue encontrei uma imagem que tinha associada a frase de título deste post.

Ao longo desta última semana tenho estado com amigos que já não estava há uns bons anos e um dos temas fortemente abordado e fustigado tem sido o conceito de “destino”. Há quem acredite há quem não acredite e há também quem não acredita mas mesmo assim em várias situações da sua vida faça questão de apelidar pelo mesmo, é mais ou menos como ser crente religioso e evocar o que seja em nome de um divino, aquelas coisas culturalmente transmitidas mais nas gerações dos meus avos em que as crenças tinham outra convicção e significado.

Quando reparei nesta imagem com esta frase inscrita pensei de novo, lá está a palavra destino mas envolvida numa frase que para mim tem sentido. A minha visão pessoal é que o destino é feito através das nossas escolhas quotidianas. Podemos sempre optar, direita, esquerda, por aqui, por ali (não frisarei o certo e o errado por razões óbvias de não conseguir abarcar-me de elementos suficientes para clarividente mente dizer o que é o certo e o que é o errado).
Há pessoas que mais do que outras parecem ter um dos pontos do seu caminho traçado, como ser príncipe por exemplo, mas será nesta hipótese específica que é isto que desmistifica o que é o destino? Não será o destino apenas aquilo que certa no grande início e no grande final?

Talvez o nascimento também não o seja porque ao fim ao cabo os nossos progenitores tomaram a decisão de engravidar, logo aqui também não se aplicaria esta teoria, sendo que a morte é a única que é certa para todos nós, enquanto não se descobrir um dia a grande fórmula da imortalidade…

O dicionário on-line Priberam diz o seguinte (10/08/2009):

destino | s. m.
1ª pess. sing. pres. ind. de destinar


destino

s. m.
1. Combinação de circunstâncias ou de acontecimentos que influem de um modo inelutável.
2. Situação resultante dessa combinação.
3. Emprego, aplicação.
4. Fatalidade.
5. Direcção!.
6. Lugar a que se dirige alguém ou é dirigida alguma coisa.
7. Pop. Sumiço.
Sem destino: ao acaso.

Nada mais poderia ir ao encontro daquilo que eu tenho sido apologista nas últimas reuniões de amigos em que o conceito de destino tem vindo à baila, aguarda a vossa refutação sobre este tão crente mente utilizado conceito.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Conceito de sociedade...

O desenvolvimento de vários sectores, como tecnologia, produção em série, entre outros, tem dado ao mundo uma base crescente de desenvolvimento e globalização. Todo este processo acarreta características que são únicas atendendo ao desenvolvimento, mas comuns, atendendo à evolução de alguns países e do esforço feito pelos mesmos para se manter nesta linha de desenvolvimento, globalização e aceitação por parte de outros países mais desenvolvidos, social e economicamente, mas também com maior capacidade industrial para explorar os seu vastos recursos, com o objectivo de satisfazer as exigências crescentes da sociedade. Esta crescente evolução do mundo, traz consigo, a igualdade teórica de globalização, mas de facto parece trazer-nos desigualdade, exclusão e descriminação, conceitos aliados a extinção de classes, muito devido ao aumento desta crescente produtividade massiva por parte de alguns países.

Recentemente falar de classe média e média alta é quase impossível, já não são tão nítidas estas barreiras que distinguiam a sociedade. A era da informatização e globalização fez com que estas barreiras ficassem esbatidas ou até extintas visto que a desigualdade aumentou de forma drástica, com todas estas politica que visam um desenvolvimento assente numa sociedade de consumo. Consumo esse desigual e discriminatório. Hoje existem pessoas muito ricas e pessoas muito pobres, algumas pessoas das classes médias altas, aproximaram-se da barreira das classes ricas e as pessoas de classe média e média baixa aproximaram-se das classes pobres.
A sociedade é composta pela multiplicidade das interacções de sujeitos, multiplicidade essa que lhe confere simultaneamente a existência e a vida. Constitui uma unidade com fronteiras que a distinguem de outras que a circundam. Por outras palavras, podemos dizer que sociedade se caracteriza por um “sistema de interacções” que faz surgir a acção social.

Por acção social entendemos uma realidade total que compromete e influência a personalidade individual formando simultaneamente o tecido do meio social. A acção social humana caracteriza-se pelo conjunto de relações sociais entre pessoas e grupos capazes de influenciar o meio social. Para que a acção seja social é necessário tomar em consideração o comportamento dos outros, assim como a presença ou existência dos outros, e para além disso, é necessário que o sujeito indique pela sua acção que compreendeu as expectativas dos outros e que a sua acção planeie corresponder-lhes ou manifeste que não faz intenção de corresponder-lhes.

Para Emile Durkheim, a acção social consiste em maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo, e que são dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõem. Para assim definir a acção social, Durkheim baseia-se na teoria das “duas consciências”: consciência colectiva e consciência individual. Esta teoria baseia-se na exterioridade das maneiras de pensar, sentir e agir em relação às pessoas e o constrangimento que estas exercem sobre as pessoas.

A consciência colectiva é formada pelo conjunto das maneiras de pensar sentir e agir que compõem a herança comum de uma de uma dada sociedade e que a distingue de outras. A consciência individual é a autonomia pessoal relativa de que cada um dispõe no uso e adaptação que pode fazer das maneiras colectivas de agir, de pensar e de sentir.

As sociedades variam segundo o grau de constrangimento que a consciência colectiva exerce sobre as pessoas ou segundo o grau de autonomia permitido às consciências individuais. Qualquer que seja o grau de constrangimento exercido, a consciência colectiva caracteriza-se pelo facto de ser sempre constrangedora ou oprimente, de maneira que para se pertencer a uma sociedade, seja ela qual for, é necessário esforçar-se para se adequar às maneiras colectivas próprias dessa sociedade, aceitá-las e praticá-las. Este constrangimento não é geralmente sentido pelos membros da sociedade. Eles absorveram-no e assimilaram-no, principalmente através da educação recebida.

Weber e Durkheim englobam na acção social as actividades individuais, pensamentos, sentimentos, na medida em que essas actividades, esses pensamentos e esses sentimentos correspondem às maneiras colectivas de pensar, sentir e agir. Não existe nem oposição nem ruptura entre as pessoas e a sociedade, o individual e o colectivo, mas antes continuidade e conexão: encontramos as mesmas regras de conduta, as mesmas normas, nas consciências individuais e nas instituições, na pessoa e na sociedade.
Tudo isto leva-nos a entender que a acção humana em sociedade obedece a um certo determinismo, que revela uma uniformização das condutas individuais, que levam ao que chamamos de ordem social. Ordem essa que se caracteriza por ser inerente à vida social porque a sua existência é fundamental. A vida em sociedade é possível porque existe essa ordem, e todas as nossas acções se fixam em sua função.

Herbert Spencer formulou uma teoria baseada na crescente complexidade das sociedades. Para ele, a sociedade deve ser considerada como um ser vivo que como os organismos biológicos, obedece a uma lei de evolução. Propôs-se demonstrar que, segundo a lei da evolução, as sociedades humanas foram, na sua origem, pequenas colectividades simples, indiferenciadas e homogéneas e que evoluíram tornando-se sempre mais complexas, mais diferenciadas e mais heterogéneas.

As sociedades simples são aquelas que não possuem nenhuma autoridade política, têm um chefe ocasional e possuem uma autoridade imprecisa e instável. Não são constituídas por grupos distintos, e têm uma relativa coesão entre si. As sociedades compostas distinguem-se em subtipos, que poderão ter um chefe ocasional, uma autoridade instável ou permanente.

O que faz a superioridade da sociedade humana sobre a sociedade animal, o que lhe confere poder e riqueza, é que nela o sistema de comunicação é infinitamente mais desenvolvido e pode tomar formas múltiplas. No Homem, as possibilidades de comunicação permitiram criar e acumular um intenso reservatório de conhecimentos, tradições, costumes, que deram origem a uma dimensão nova à vida social.


André Vital 14/08/2009

O que é um nómada?

Para conseguir elucidar o leitor sobre a minha perspectiva de nómada nada melhor que recorrer à palavra na sua essência, ou seja, o seu significado.

O significado da palavra nómada vai muito além do seu sentido pejorativo que normalmente lhe é associado ou conferido. Na verdade a palavra nómada é muitas vezes associado à etnia cigana, sem que necessariamente apenas esta etnia faça uso do verdadeiro significado epistemológico da palavra.

Nómada

(latim nomas, -adis)
adj. 2 gén.
1. Que não tem assento fixo. = errante
adj. 2 gén. s. 2 gén.
2. Que ou quem muda de local de fixação para procurar pastagens novas. ≠ sedentário
3. Fig. Que ou quem não tem casa ou residência fixa. = vagabundo, vagamundo

Dicionário on-line de língua Portuguesa Priberam – 03/08/2009

Abarcando-me da significação desta palavra e pegando no conceito chave de nómada, ao qual respeita a designação “sem pouso”, “que anda de um lado para o outro”, etc., é-me agora possível arrancar para uma “caracterização” de nómada. Se um nómada diz respeito a uma pessoa ou várias pessoas que, em busca de condições melhores vivem em mudança de local, então, estes seres são nada mais nada menos que, todos nós.
Mas ser nómada é muito mais que seguir simplesmente de pouso em pouso, de rota em rota, de decisão em decisão, é, em cada uma destas instâncias, etapas ou tarefas da vida, lutar por objectivos, viver os momentos e solidificar aprendizagens.

Um exercício engraçado que já fiz com amigos passa exactamente por esta questão, “se eu fosse um nómada o que faria?”

A grande resposta irónica surge sempre abundantemente …um grande nada. Mas nada não é o que os nómadas fazem, nada não é o que os nómadas querem para eles. Lá porque se é “nómada” não significa que não se tem ambições, convicções, expectativas sentimentos e acima de tudo direitos e deveres. Mas quem é que nos quantifica ou qualifica enquanto nómada? Mais nómada, menos nómada…bom, a verdade é que existem instituições sociais a tentar fazê-lo, pegando em padrões comportamentais (em termos sociológicos).

Mas serão os nómadas de hoje apenas isso, seres em movimento em busca de melhores condições?

André Vital 14/08/2009

domingo, 9 de agosto de 2009

I'm a blogger again

Já há vários dias que andava a matutar sobre a escrita, a minha escrita, as minhas ideias e um sitio “maior” onde poderia eventualmente partilhá-las. Já tive vários blogues onde partilhei uma infinidade de ideias, pensamentos, teorias, etc., mas na realidade nunca me senti satisfeito com a minha partilha, nem com a assiduidade dos leitores do meu blogue. Daqui podemos tirar várias ilações entre as quais considero duas mais importantes, a minha partilha ser pobre, fraca, fútil ou pouco útil e também o publico alvo conhecedor do meu blogue, não conseguir, através da minha escrita, aprofundar os seus comentários e sentir-se motivado a seguir atentamente os meus posts, e, quando assim é os blogues morrem.

Voltando à primeira ideia, eu estava num dilema…um blogue certo! Mas de que género? De arquivo? De actualidade? De pensamentos complexos e soltos? Estas eram algumas das minhas dúvidas, onde vários amigos não me conseguiram ajudar sobre a minha decisão. Eis que na noite em que escrevo este post, sei da notícia triste sobre a morte de Raul Solnado, e por curioso ou não, encontrava-me a ler um velho livro que acho fabuloso, que respeita aos escritos do blogue dos gatos fedorentos, mais curioso que isto só mesmo estar a ler um post, critico, irónico e um pouco a meter raiva, sobre um senhor politico que não vou dizer o nome, que estava profundamente indignado com o que se diz nos blogues, com a pouca regulamentação e aferição de fontes, bem como alguma anarquia literária (não necessária, como o próprio parágrafo do livro dos gatos argumenta), e dizia mais ou menos isto…
Alguns de nós sabe o que é um blogue e o que lá poderá encontrar, mas todos nós conseguimos dizer que não é de todo um jornal, que não segue um calendário, ou que tem não tem de todo uma agenda.
Na maioria dos casos, que tenho conhecimento, um blogue é um pequeno diário. Eu não quero que este blogue que está agora a começar seja um exemplo de diário, mas que seja sim um espaço de crescimento para todos os utilizadores.
Não é muito fácil encontrar pessoas na minha faixa etária “com tempo” para reflectir sobre assuntos que afectam o mundo…falo de sociedade, politica, cultura, economia, crise, pessoas, o mundo, enfim, o que afecta e envolve todos nós, daí que espero que como o Raul Solnado, o meu blogue seja intemporal, não na relação directa com o passar do tempo, mas no que respeita ao tempo em anos, nomeadamente a faixa etária dos leitores, bem como a classe social ou hierárquica que ocupam.
Posto isto, eis que toda a minha motivação se reuniu e este é o meu primeiro post neste blogue intitulado, “ Como um nómada na sociedade”.

Agradeço desde já a leitura deste post e espero em breve reunir dados para o arranque do verdadeiro pensamento comum.

André Vital 9 de Agosto de 2009