terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ser nadador salvador. Amor ao mar ou à vida humana? Um dilema social e profissional…

Começo este post com uma pergunta retórica. Haverá algo mais incondicional do que a vida humana? Na minha opinião não de todo. Aquilo que nos prende ao factor “estar vivo” só é ultrapassado pela capacidade espectacular que o ser humano tem de se superar a cada dia.
O nadador salvador é sem dúvida nenhuma, para mim, um ser humano que encaixa no perfil “superar-se”, para além de ser um apaixonado pelo mar e pelo seu “ambiente” envolvente é uma pessoa que “suprime” a sua vida pela vida de outros. Haverá maior dádiva humana que esta? Não existem muitas outras formas digo-vos eu!
Equitativamente existem outras profissões que padecem do mesmo mal, tal como ser bombeiro, polícia, etc. Normalmente por muitas razões de ordem social, governamental e organizacional, preocupamo-nos (na generalidade dos portugueses), em qualificar e quantificar a competência destas pessoas, sem pensar antecipadamente e em momentos de emergência extrema, a real intenção destas pessoas que se dispõem de forma tão honrosa. Quando corre bem, não há dilema, quando corre menos bem, tudo está mal e tem que mudar, sem querermos perceber porque aconteceu, quais as condicionantes, etc. Eu acredito piamente se estes profissionais tivessem sempre em toda a parte a solução e os meios disponíveis para ser perfeitos, os mesmos, não hesitariam em executar na perfeição a sua função, demasiadas vezes voluntária! E este é um ponto “ferido” destes profissionais, a precariedade da sua profissão. Comparando grosseiramente a profissão de um jogador profissional e de um profissional desta natureza, quem merece o salário que ganha? Eu acho que há profissionais que arriscam demasiado aquilo que pouco têm, a sua própria vida.
Hoje fui a uma praia vigiada do nosso Portugal e também hoje a bandeira estava vermelhíssima. Vários nadadores salvadores vagueavam pela praia fazendo soar o seu ruidoso apito como que a pedir para que as pessoas se retirassem da água bravia. Os pedidos conhecedores dos nadadores foram atendidos maioritariamente, mas existe sempre muito o Chico espertismo. Esse Chico espertismo, hoje quase resultou num afogamento para pai e filho porque a água estava só pela canela, não fosse a sua força e as 3 ondas seguidas que os deixaram submersos em escassos segundos…
Os nadadores intervieram rápida e eficazmente salvando ambos, pai e filho. Toda a gente ficou feliz, não fosse um nadador salvador, que mais tarde veio a ser apelidado de rabugento e de exigente entre outras coisas menos boas, que teve de voltar atrás porque o senhor (o pai), que não conseguia sair da água já estava de novo a molhar o pezinho dizendo alto e bom som para ele não se preocupar que a água estava só pela canela não ia acontecer nada.
E 2 minutos antes, também não ia pois não? Pois as pessoas também continuam a querer mostrar que sabem da profissão dos outros…é uma pena!

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